Meme de Setembro

Hoje 12º dia do Meme de Setembro, temos que falar sobre um conto.
Adorei esse conto que posto agora pra vocês. É da minha escritora e blogueira parceira Adrianna Alberti do blog Inutil .
Dêem uma olhada...
Luz da Lua
Distraída, seus olhos extasiavam se na dança sedutora das luzes das estrelas e com o charme indescrítivel daquela Lua Cheia, flutuava acima de seu corpo adormecido. Sentia todas as vibrações da Terra, a brisa suave do tempo cadenciando suas ordens de quando em quando e o calor que emanava dos corpos celestes transcedentais, em uma harmonia antiga, eterna.
Bailava sem sair do lugar, ligada por um fio brilhante e tenue à massa corpórea esguia deitada na rede da varanda espaçosa. Sorria, e sem porque emanava felicidade. Sentia o próximo, sentia sua presença enternecedora à distância, sabia o ligado a si, suas almas, suas mentes, inexplicavelmente enlaçadas.
Da luz da Lua Cheia a face tão conhecida sorriu lhe, sedutor e poderoso, dono de si. Cada fibra de seu corpo sentia a intensa vibração oriunda daquela direção, aqueles pontículos de luz do luar penetravam sua pele etérea, faziam na sentir se completa finalmente.
Jamais se tocavam, jamais sentiam suas peles finas e transparentes colarem se como imãs inseparavéis. Mas preenchiam se mutuamente com o calor do coração, com o vigor de suas juventudes perpétuas, com os fluídos alucinógenos que despreendiam de suas bocas distantes.
E de seus lábios ávidos escaparam feitiçarias ancestrais, e então puderam sentirem se, tatearem se no vazio infinito do nada. Não mais etéreos, uniram se sôfregos como só dois amantes distantes sabem. Ela lhe proferia palavras rimadas aos ouvidos, enquanto ele lhe cravava os dentes nos seios ofegantes.
Escorria seu sangue sagrado pelos flancos, sugados pelos lábios delicados do imortal amante. Trocavam seus fluídos ardentemente, disfarçados de saudades mortíferas, brincavam de loucuras indecentes, disfarçadas de fantasias infantis. Estrelas cadentes lhe forneciam maravilhoso espetáculo, ora iluminando, ora obscurecendo cena de erotismo animal.
Satisfeitos enfim, enroscados. Ele roçava os caninos pelas bochechas dela, numa brincadeira intíma. Ela tentava enrolar os pêlos de seu peito nas pontas dos dedos, distraída e contente. Ele admirava a beleza jamais perdida em encarnações diferentes, ela extasiava se com a imutavél expressão de prazer de seu amado. Ele mordiscava lhe as carnes de seus braços, fazendo a rir, ela lhe acariciava a barba sempre rala e observava aquele rosto eternamente jovem.
Valsavam no ar, rodopiavam entre insetos imperceptiveis, sorriam satisfeitos do enfim reencontro. Era um sonho bom, reviviam a paixão que não teve princípio e nem há de ter um fim. Conheciam sua unicidade, a antiguidade de suas existências e eternidade de sua união. Ele sorriu lhe mais uma vez, grato. Ela dançou somente à ele pela última vez.
Despertava lhe o corpo de um arrepio quente, encolhia se nas tranças que pendiam da rede feita à mão, acordou sorrindo. Seu corpo tomado de energia indizível, um tesão indescritível e um desejo incompreensível.
Miou lhe a gata preta manhosa da soleira da porta, chamando a para dormir na cama aconchegante, roçou lhe nos pés outro gato, um branco, que saiu saltitante pelo gradil do portão. Admirou a luz da Lua Cheia e percebeu um último brilhar de estrela cadente.

Falem a verdade. É fascinante não?
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Bjos!!!

2 comentários :

Quero saber o que tem a dizer... um olá, um argh...tudo que me faça te conhecer um pouco mais.